sexta-feira, 7 de junho de 2013

A SOMA DE DOIS INTEIROS - FAMÍLIA EM FOCO.

          A formação de um casal se caracteriza pela criação de novos padrões de relacionamentos onde os dois passarão a ter a sua própria identidade, diante das relações de suas famílias de origem , do grupo de trabalho, dos amigos ou de outros grupos sociais. São duas pessoas com o desejo de ter uma vida em comum e que, ao inaugurar essa nova fase da  vida , precisam aprender a enfrentar juntos os conflitos que poderão surgir, a superar as diferenças, sabendo que, se perdem individualmente ( eu ), ganham na construção de um projeto de amor no qual passaram a investir. ( nós ).
          Dialogar é fundamental até para estabelecer limites que harmonizem as expectativas individuais em relação a cada um , em relação as suas famílias de origem, ao grupo do trabalho etc. Esses limites vão sendo descobertos e redefinidos num contínuo processo de aprendizagem na vida a dois..
          A descoberta de um pelo outro estabelece entre os dois um pacto de amor, fazendo com que os elementos de colaboração que envolve o funcionamento da família não sejam um peso para nenhum dos dois. A sensibilidade de perceber a dificuldade do outro e estar  pronto a ceder; a distribuição das tarefas, de quem lava a louça, quem pega as crianças na escola... e muitas vezes perceber o absurdo  de um desentendimento  sem fundamento e dar boas gargalhadas juntos depois.
          O modo de cada um pensar, agir, sentir, compõe generosamente a construção do  " nós ", que é valorizada porque se distingue, De fato, a beleza da relação conjugal estar em " sermos diferentes, mas sermos um"  em construir uma comunidade e não uma simples convivência. Não se trata de complementariedade, mas de algo muito maior:  a  reciprocidade.
          Muitos afirmam ter perdido a própria liberdade.  Não é uma perda, mas um encontro com a liberdade do outro, portanto um ganho.  O agir independente passa a ser um agir com coparticipação.  Logicamente sem perder a própria autonomia.  É - ou pelo menos deveria ser - crescimento mútuo, fruto de um relacionamento de amor que possibilita a expansão da vida a dois, conduzindo a verdadeira liberdade.  " Não são duas metades, que se unem , mais dois inteiro que se somam" ,
          Com o passar dos anos nossa reciprocidade se torna mais complexa. O fato de cedermos não significa que estamos perdendo alguma coisa; o fato de às vezes dependermos um do outro não quer dizer que somos fracos; quem toma a iniciativa não é um detentor da verdade. Quando se parte do princípio de que um dos dois está com a verdade, corre-se o risco de anular o outro, com frases do tipo. " Eu estou certo e você está errada."  A batida dos nossos tambores individuais se torna mais alta. Eu fico surdo com a batida dela e a provocação se estabelece.
          A flexibilidade entre o casal é necessária, pois, caso contrário, fragiliza a relação, com prejuízo para o crescimento de ambos.
          Estamos em constante movimento, recebemos e doamos respostas à sociedade, nos adaptamos às exigências do desenvolvimento, mas muitas vezes não conseguimos responder as demandas de muitas e rápidas transformações.  Vivemos num processo contínuo de criar e recriar a harmonia, para podermos manter aceso  o  amor   que    nutre  a  família .   É um  amor  que  sabe  esperar,  compreender,  que  perdoa  e  pede  perdão,  feito  de  gratuidade,  fruto  de  uma  escolha consciente.
          Para o médico e escritor Raimondo Scotto  " a meta é  certamente muito  alta (...)   pode parecer  quase inatingível.  Mas  se  a  montanha  é  alta,  nem por isso devemos  abaixar seu  topo.   Existe um caminho a ser percorrido  que  demanda  tempo,  paciência  e  capacidade de  recomeçar, tendo  sempre  presente  que  o  amor  é  uma arte,  que  se  aprende  e  se  aperfeiçoa  somente  a m a n d o  na concretude da  vida.
Fonte revista cidade nova ( abril 2013).
Selma Costa)

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